UFC
– A febre das Artes Marciais chega às igrejas do Brasil!
A
luta que se tornou um fenômeno mundial de audiência ganha adeptos entre
cristãos e já faz parte da programação de igrejas evangélicas do Brasil.
Por Rafael Cardoso
Sucesso de arrecadação nos canais
de TV a cabo do mundo inteiro, o evento esportivo Ultimate Fighting Championship (UFC) tem espalhado pelo mundo a febre das Artes
Marciais Mistas – MMA, esporte que vem tomando espaço dentro da programação de
diversas igrejas evangélicas brasileiras.
O cenário já conhecido de alguns:
dentro de um ringue, ou octógono - que se parece com uma jaula - dois lutadores
se enfrentam em um duelo que à primeira vista parece não possuir regras. A luta
é agressiva e ao redor deles, um público eufórico torce por seus atletas
favoritos. A platéia é formada por praticantes de artes marciais, que vestem as
camisetas de suas equipes e academias e por centenas de admiradores anônimos.
Quando acrescentamos a isto, que o
ringue está montado no meio de uma igreja e que, dentre os espectadores, estão
seus fiéis, então se observa que algo no mínimo curioso está acontecendo,
unindo esses dois universos.
O evento acima descrito é o Fight Night, que teve sua 6 edição no dia 13 de maio deste ano e é promovido pela
igreja Renascer de Alphaville, em São
Paulo. Ali, entre uma luta e outra, o público é presenteado com bebidas
energéticas, sorteios de luvas e outros produtos relacionados ao esporte, além
de participar de reflexões, orações e ouvir uma mensagem que conecta o ringue
com as lutas da vida diária.
A iniciativa inovadora da igreja
acabou rendendo uma matéria no canal de TV a cabo Nat Geo, onde o apóstolo
Estevam Hernandes declarou: “Nós começamos com o rock, depois com a
dança, depois com o teatro e agora, precisávamos de algo novo. Não é um
estímulo à violência, mas uma maneira de nós desenvolvermos o esporte e por
outro lado trazermos o pessoal que gosta de luta pra dentro da igreja”.
Mas não é só na Renascer que as artes marciais têm feito
parte das programações eclesiásticas. A Sara Nossa Terra, de Brasília, possui
desde 2004 uma equipe de Jiu Jitsu e, segundo o Bispo Robson Rodovalho, líder
da igreja “Não estabelecemos estratégias!
Falamos a linguagem dos jovens. Uma das coisas mais fortes e presentes entre os
jovens são os esportes”.
Quando questionado sobre influências que a
agressividade do MMA poderia ter sobre as pessoas, Rodovalho defende: “As
artes marciais ensinam a respeitar o oponente e a não utilizar a força fora das
competições. Penso que ela ajude na disciplina e na canalização das emoções
negativas, uma vez que os praticantes descarregam sua energia no tatame”.
Já o administrador de empresas Daniel
Barros, 30 anos, que também é cristão, mora em Porto Alegre e treina jiu jitsu
desde os 16, pensa diferente e rebate: “acredito
sim que o esporte pode incitar a violência”. E ainda denuncia: “Há vários vídeos no Youtube de garotos de
escola brigando na rua imitando os lutadores de MMA e se machucando”. “Vai muito da cabeça de quem assiste, mas com
certeza os garotos de antigamente imitavam o Ronaldo, Pelé, Maradona etc. Os de
hoje estão começando a imitar os lutadores.”
Do outro lado dessa história, estão os
protagonistas desse grande evento esportivo, que são os lutadores. Muitos entre
eles são cristãos confessos, mas um chama a atenção pela constante exposição de
sua fé, que é Vítor Belfort.
Com um histórico muito bem sucedido nas
maiores competições do gênero, Vítor Belfort é uma referência mundial nesse
esporte, gozando de grande prestígio e carinho por parte do público, sejam eles
fãs das artes marciais ou não, o que o levou a receber, inclusive, o título de
Embaixador do UFC no Brasil. Box 2
Casado com a ex-apresentadora de TV, Joana
Prado e pais de três filhos, ele e sua família moram em Las Vegas, onde
freqüentam a igreja Calvary Chapel.
Quando questionado sobre o fato de usar o
nome de Jesus em seu calção e ainda agradecer a Deus após “bater” em seus
adversários, Belfort explica: “Não é bater, é uma competição”. E ainda diz: “Se você agradece a Deus, se você coloca
Jesus no peito, mas vai para boate, beber, encher a cara e trair sua esposa,
você é hipócrita.”
Fervoroso em sua fé, o lutador ainda
testemunhou em entrevista recente que em meio aos treinamentos para sua última
luta, contraiu hepatite A (doença infecciosa aguda que produz inflamação e
necrose no fígado), mas que logo que foi diagnosticado, começou a orar. “Geralmente, o vírus fica no seu corpo por dois meses, e comigo
ficou só uma semana. Então, acredito que foi um milagre” – disse o
ex-campeão dos meio-pesados.
Apesar de ser simpático para
muitos, para outros parece que a união desses dois universos é um tanto nociva
para a ortodoxia da igreja genuína. O teólogo João Rodrigo Weronka, fundador do
NAPEC (Núcleo Apologético de Pesquisa e Ensino Cristão), quando perguntado
sobre a modalidade que vem ganhando adeptos entre os cristãos, disparou: “Aquilo é selvageria! Como
chamar de esporte um negócio que visa arrebentar o oponente?”
Comparando o esporte às
touradas, Weronka foi além: “Judiar do pobre animal não é
certo. E a caça esportiva? Não é certo! Então seria ético arrebentar outro ser
humano numa competição esportiva?” – questiona.
Os pontos de vista sobre o santo e o profano sempre causarão
divergências e fazem parte da diversidade de pensamento da cristandade. O que
parece ser indiscutível é que o sucesso do evento UFC e das Artes Marciais no
Brasil, afetaram de tal forma a sociedade, arrombando a porta de sua cultura
sem nem pedir licença, o que inclui a igreja evangélica.
Afinal, da mesma forma como os lutadores do passado, que
inspiraram aos cristãos primitivos em alguns de seus escritos, como Paulo em I
Coríntios 9:24-27, os
guerreiros dos tatames, ringues e octógonos, que tem usado sua força e técnica
para conquistar adeptos no mundo todo, estão passando uma lição para a igreja
contemporânea.
Como declarou Inácio de
Antioquia, em sua Carta a Policarpo de Esmirna: “É
próprio de um grande atleta receber pancadas e vencer”.
Panorama
Histórico do MMA
A história do MMA vem de muito longe. Por volta de 650 a.C. surgiu o
Pankration, uma luta Grega, que unia várias modalidades numa só e se tornou o
evento mais popular dos Jogos Olímpicos de seu tempo. Com a ascensão do Império
Romano, a modalidade acabou desaparecendo.
Mais de dois mil anos depois, no Brasil, Carlos Gracie, aprendia judô
com o imigrante japonês Mitsuyo Maeda. Em 1925 fundou junto com seus irmãos,
entre eles Hélio Gracie, sua academia, marcando o início do Brazilian Jiu
Jitsu.
A fim de chamar atenção para sua nova arte marcial, eles promoveram os
chamados Gracie Challenge, onde provariam que o seu jiu jitsu poderia vencer
qualquer oponente de outras modalidades.
As lutas ganharam grande popularidade no Brasil e passaram a ser
realizadas em estádios de futebol. Mais tarde, em 1993, os Gracie migraram para
os EUA, onde deram início ao evento Ultimate Fighting Championship (UFC),
vendendo 86 mil cotas de per-pay-view já na primeira edição.
Hoje, cada evento do UFC vende em média 1 milhão de assinaturas de PPV,
gerando cerca de U$ 40 milhões, além de uma média de 20.000 ingressos para
assistir o evento ao vivo, com bilheteria de mais de U$ 4 milhões.
Alguns lutadores
cristãos que se destacam no mundo do MMA.
Wanderlei Silva ,“Mad Dog”
Tem até música em sua
homenagem, do rapper cristão Pregador Luo (Wanderlei Silva Theme).
Rich Franklin
O americano e evangélico
desde pequeno. É tão popular em Cincinnati que 21 de fevereiro, foi
oficialmente nomeado "the Rich Franklin Day", pelo prefeito da
cidade.
Diego Nunes, “the gun”
No início de sua carreira,
no interior do Rio Grande do Sul, irmãos da igreja onde freqüentava tentaram
convencê-lo a mudar de profissão, mas ele insistiu em levar seu testemunho
através do MMA.
Vítor Belfort, “the Phenom”
Vitórias dedicadas a Deus e
testemunho do Evangelho em suas entrevistas.
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