Órfãos de Pais Vivos
Abandonados por suas famílias, crianças e adolescentes encontram uma
nova esperança nas casas-lares e abrigos cristãos.
Existem, no Brasil, mais de 80 mil crianças vivendo em abrigos e
casas-lares. Deste total, somente 5 mil estão em condições de adoção e uma
fração ainda menor se encaixa dentro do perfil mais procurado pelas famílias
que sonham ou planejam adotar uma criança.
Segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), o Rio Grande do Sul é o segundo estado com maior número de crianças e adolescentes em condições para a adoção, ficando atras apenas do estado de São Paulo. Contudo, o perfil
idealizado pelos interessados em adotar um filho está na contramão do que se encontra
hoje nos abrigos e casas-lares do país. Enquanto a grande maioria dos
candidatos procuram por crianças brancas, do sexo
feminino e com até 3 anos de idade, menos de 4% das quase 5 mil crianças à espera pela adoção correspondem a esse perfil.
Felizmente, aqui no sul, algumas igrejas têm aberto
seus olhos para estes pequeninos, mobilizando e unindo suas forças para dar um
novo destino a crianças e adolescentes em situação de risco social.
Um
caso notável é o da Ong ASA-RS – Ação Social Aliança, que vem fazendo a
diferença em parceria com o município de Porto Alegre e com cerca de 15 igrejas
evangélicas da capital gaúcha, colecionando belíssimas e inspiradoras histórias
de resgate, desenvolvimento emocional, educacional e espiritual na vida de várias
crianças.
Fundada pelo Pr. Dari, que também é líder da Igreja Aliança Missionária de Porto Alegre,
a ong administra 6 casas-lares e um abrigo de passagem, onde cerca
de 100 crianças e adolescentes têm experimentado uma vida comunitária normal, acompanhadas
por pais e mães sociais, com acesso à escola, lazer e todas as experiências
naturais às crianças de sua idade.
Envolvendo 70 funcionários e mais 10
profissionais voluntários – todos evangélicos - a ASA-RS ainda oferece às
crianças atendimento psicológico, aulas de reforço para os que estão em fase
escolar, além do acompanhamento de assistentes sociais e outros profissionais.
Consciente de que a Igreja pode ter um papel
mais incisivo e determinante nas questões que afligem a sociedade, o Pr. Dari é
taxativo ao dizer que “a igreja deve desejar servir aonde ninguém quer
servir”.
De fato, quando alguém se dispõe em ajudar
de alguma forma a essas crianças, não existem limites ou barreiras. Inclusive,
grande parte das famílias que adotam tem renda familiar de até 3 salários
mínimos. O caso de ...
Apesar de já administrar 6 casas-lares e 1
abrigo de passagem, a ASA esta abrindo mais 3 casas em parceria com outras
igrejas da cidade e, conforme informou o Pr. Dari, tem buscado ainda outras
igrejas interessadas em dar sua contribuição para a abertura de mais
casas-lares.
Ainda que as inciativas sejam as mais nobres
e atendam a uma necessidade emergencial de crianças e adolescentes sob perigo
iminente, é óbvio que essas medidas são paliativas. Kênia Witeckoski, que é
assistente social e trabalha no Abrigo Residencial Santa Fé, diz que “apesar
das crianças serem mal tratadas pelos pais, todas, sem exceção, sonham voltar
para suas famílias”.
Sendo assim, de uma forma ou de outra, o
papel da Igreja é decisivo para que haja o resgate da sociedade, visando sempre
que possível o fortalecimento e a evangelização
das famílias e, nos casos mais graves, servindo como pais e mães
sociais, ou ainda aderindo ao trabalho voluntário em algum desses projetos que
merecem todo o respeito da sociedade e honram o nome do Senhor Jesus.
As pessoas que mais ajudam são as mais
pobres.
Como tudo
começou
A
história da ASA-RS teve seu início de uma maneira muito interessante. Em junho
de 2000, ao participar da “Marcha Para Jesus de Porto Alegre”, o Pr. Dari se
deparou com um pré-adolescente morador de rua. Seu filho, na época com dois
anos de idade, foi o instrumento que Deus usou para desafiá-lo a romper com a
indiferença, ao se aproximar e interagir com o garoto, sem o menor preconceito.
A vulnerabilidade daquele menino
mobilizou o grupo da igreja que participava do evento, os quais decidiram agir
frente à triste realidade social, acolhendo-o. Após esta primeira iniciativa,
outros meninos e meninas em situação semelhante começaram a ser acolhidos.
Filhos do crack
Em
Porto Alegre, 70% das crianças e adolescentes encaminhados a abrigos têm pais dependentes
de crack. Casos como o de E., que com apenas dois meses e meio de vida é
viciado em crack e sofre terrivelmente com a abstinência e tem complicações
cerebrais, infelizmente são comuns. Abandonado no hospital pela mãe, usuária de
crack e acolhido nos últimos dias na Casa Lar Ipanema, da Fundação de Proteção
Especial do Rio Grande do Sul (FPE), seu caso só vem engrossar esta trágica
estatística que não para de crescer no Estado, de acordo com levantamento do 2°
Juizado da Infância e Juventude em Porto Alegre.
A diferença entre uma Casa-Lar e um Abrigo de Passagem
- A
casa-lar tem a finalidade de resgatar o ambiente familiar, substituindo a
família original das crianças em situação de abandono ou risco, oferecendo-lhes
a oportunidade de uma convivência afetiva equilibrada e saudável.
Nelas
são acolhidas crianças (zero à 18 anos) de ambos os sexos, em número não
superior a dez, sob a responsabilidade de um "casal social”, encaminhados
pelo Juizado da Infância e da Juventude ou pelos Conselhos Tutelares,
assegurando assistência integral (alimentação, saúde, educação, lazer, esporte
e atividades culturais).
Deve
ser uma casa aberta e que estimule o contato e preparação para o mundo, a vida,
a família, a comunidade, a cultura e o futuro independente.
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