Pacto com o diabo! Apenas um mito da música?


Pacto com o diabo! Apenas um mito da música?
Candidatos à fama desprendem grandes esforços com o fim de atingir o estrelato, mas valeria a pena colocar sua alma em jogo pelo sucesso? Ou será que tudo isso não passa de lenda?


Por Rafael Cardoso
No mundo da música, chegar ao topo pode ser comparado a ganhar na loteria. Diante de uma enorme concorrência, artistas talentosos lutam por uma vaga no coração dos fãs e também na seleta lista de investimentos de uma grande gravadora. De fato, os esforços rumo ao estrelato são muitos, mas valeria a pena colocar em jogo sua alma na eternidade em troca do sucesso terreno? E mais, será que é realmente possível fazer negócio com forças ocultas para obter o êxito e a fama?
Alguns artistas que alcançaram fama e sucesso de forma meteórica acabaram se tornando alvos também de uma série de mitos e lendas, sofrendo estranhas acusações sobre pactos com o diabo ou ainda de recorrer ao ocultismo em troca do estrelato.
Nos anos oitenta, uma canção em particular foi alvo de muita especulação por parte de evangélicos e de toda a sociedade brasileira. A música Ilariê, estrondoso sucesso na voz da apresentadora Xuxa Meneghel e que foi composta pelo cantor baiano Cid Guerreiro, sempre esteve cercada de desconfiança por parte dos crentes mais místicos. Na época, todos fizeram coro afirmando que o compositor havia consagrado a canção ao diabo em troca de seu sucesso.
Os anos se passaram, o compositor da controversa música se converteu e traz ao público cristão sua versão sobre o assunto. Agora chamado de Cid “Guerreiro de Deus”, o cantor e compositor tem se dedicado exclusivamente à música gospel e vem causando surpresa em vários meios de comunicação cristãos, ao garantir nunca ter feito pacto algum consagrando Ilariê.
Cid ainda reclama, dizendo, “por causa do boato, cheguei a ser chamado de filho do demônio, perdi shows e, em virtude dessa história, guardei durante anos uma grande mágoa em relação às igrejas evangélicas e aos pastores”.
Existem ainda outros músicos que tiveram suas vidas relacionadas a pactos com o demônio e que terminaram se convertendo. Do mundo do metal, onde se encontram os maiores responsáveis por essa malfada fama de conectar o universo da música com as trevas, emerge uma surpreendente lista de conversões ao cristianismo. Bandas tidas como satânicas, como Iron Maiden, Anthrax, Megadeath, Slayer e até o “incorporado” Alice Cooper vêm colecionando histórico de novos nascimentos.
Questionado acerca da possibilidade de se fazer um pacto com o diabo em troca de sucesso, Sandro Baggio, autor de diversos livros sobre música cristã, é taxativo em dizer que “sim”. Contudo, chama a atenção para outra perspectiva na questão. Ele diz “como saberemos se o pão que comemos de manhã não foi feito por um padeiro que vendeu a alma para o diabo? Como saberemos se o dono da empresa em que trabalhamos não vendeu a alma para o diabo? Estas especulações servem apenas para criar cristãos paranóicos, sem paz e mais preocupados com o diabo do que servos de Deus”.
Baggio, que também é pastor-mentor do Projeto 242 e missionário do Steiger International, acredita que muitas “pessoas condenam músicas porque querem submeter Deus à sua própria cultura ou gosto”. Diante da informação das diversas conversões ocorridas entre as bandas de metal, ele acredita que é possível fazer o rock teatral de Alice Cooper, sem comprometer a fé. “Se você olhar além da superfície, verá que por trás de todo o seu circo do horror há mensagens bem feitas sobre a natureza humana, o materialismo e o consumismo da sociedade moderna e a hipocrisia religiosa”. “É semelhante a entender As Cartas do Inferno (Screwtape Letters) de C. S. Lewis”, compara.
Outro que possui uma visão bem particular sobre o assunto é o líder de adoração do Movimento Vineyard, de Belford Roxo, João Costa. Ele dispara “não acredito que o diabo tenha 'poder' para comprar a alma de ninguém”. Usando a Bíblia como ferramenta, ele universaliza dizendo que “o escrito de dívida que era contra nós, foi revogado na obra da cruz”.
Todo esse misticismo possui raízes muito mais profundas na humanidade, vindo de tempos bem mais remotos do que a história da música contemporânea. Segundo o historiador mineiro Edimilson Mello, “um dos elos comuns ligando todas as sociedades, em todos os tempos é o culto a entidades espirituais, ou divindades. Recorrer às forças espirituais do bem ou do mal para favorecer uma pessoa, uma tribo ou povo, faz parte da história humana”.

Goethe

Mas foi um homem chamado Faust, um ocultista que viveu na Alemanha entre 1480 e 1540, quem inspirou todas as histórias sobre os pactos com o diabo. A mais célebre, entre elas, é o poema Fausto, escrito por Goethe em 1806. Em sua versão, ele narra uma aposta entre Deus e o diabo, chamado no livro de Mefistófeles, que ganha uma permissão especial para tentar ao tal Fausto. Ele era um homem insatisfeito com a vida e acaba aceitando a proposta de trocar a alma por prazeres e dinheiro ilimitados. Após isto, se apaixona por uma jovem, chamada Margarida e a vida deles passa a ser cercada de tragédias. No final, Mefisto leva Fausto para cavalgar e os dois somem para sempre.
Como é possível notar, histórias envolvendo esse tema são comuns e muito antigas, existindo diversas linhas de pensamento que a definem. Ficção para alguns, realidade para outros ou simplesmente um mito arraigado em profundas raízes da humanidade. Ganhando ou perdendo sua força, de acordo com o conhecimento ou a fé de cada sociedade, o fato é que, assim como declarou o escritor português, Fernando Pessoa, "O mito é o nada que é tudo".

Robert Johnson

O Pacto com o diabo na história da música
Considerado por muitos o avô do Rock and Roll, Robert Johnson, influenciou músicos como Jimi Hendrix,  Bob Dylan e Eric Clapton, que o chamava de "o mais importante cantor de blues que já viveu".
Um mito popular conta que Johnson vendeu sua alma ao diabo numa encruzilhada no Mississipi, em troca da proeza para tocar guitarra. Este mito ganhou força devido às letras de algumas de suas músicas, como "Crossroads Blues", que falava de uma encruzilhada e do seu encontro com o demônio.
Robert Johnson morreu aos 27 anos de idade, possivelmente envenenado!
Curioso é que, desde então, algumas das maiores estrelas da música mundial acabaram falecendo com a mesma idade do blues man. Entre eles figuram Brian Jones, dos Rolling Stones, Jimi Hendrix, considerado o maior guitarrista de todos os tempos, Janis Joplin, “a rainha do rock and roll”, Jim Morisson, da banda "The Doors", Kurt Cobain, um dos maiores artistas da década de 90 e recentemente, a cantora Amy Winehouse, que foi encontrada morta em sua casa, como todos os outros da lista, aos 27 anos de idade.

Entrevista Sandro Baggio

Sandro Baggio

1) Qual a sua ligação com a música cristã?
Sou um grande apreciador da música, de um modo geral, como forma de arte. Por este motivo, tenho trabalhado para que a música ocupe espaço na promoção dos valores do Evangelho na sociedade contemporânea. 

2) Em sua opinião, existe uma distinção entre música secular e sacra?
Particularmente não gosto das definições música secular e música sacra. Elas são estreitas demais e geralmente não representam a realidade. Num mundo perfeito, toda música deveria ser secular, no sentido de que toda música deveria estar em sintonia com o seu tempo e as realidades de seu tempo, falando ao homem de seu tempo. E toda música deveria ser sacra, no sentido que toda música tem como origem o Criador e deveria ser uma dádiva a Ele. Mas como não habitamos um mundo perfeito, nem toda música é feita em sintonia com seu tempo e nem toda música é feita para a glória de Deus.

3) Então, são todas iguais?
Prefiro as definições de boa música e má música. Há boa música feita por cristãos e também má música feita por cristãos. Semelhantemente, há má música feita por não-cristãos e também boa música feita por não cristãos. O que distingue uma música boa de uma música má é sua autenticidade artística e sua qualidade musical.

4) Acha que a diferença entre música sacra e secular pode ser estabelecida a partir do estilo musical? Ex: rock e funk são do diabo, música clássica vem de Deus...
Como disse acima, música para mim é música. Não existe estilo música sacro ou profano. Estilos musicais são fruto da época, da cultura e da grande variedade da Criação de Deus manifesta na humanidade. Todos os estilos musicais vêm de Deus e todos podem ser utilizados para levar o homem de volta a Deus.

5) Em sua opinião, acredita que pessoas possam vender suas almas ao diabo para obter sucesso ou talento especial (a exemplo do mito de Robert Johnson) ou tudo isso não passa de fantasia?
É possível que pessoas possam fazer isso. Mas é também possível que pessoas possam vender a alma para o diabo para fazer sucesso ou obter talento em qualquer outra área da vida e não somente na musical. A questão é: como saberemos? Como saberemos se o pão que comemos de manhã com ação de graças não foi feito por um padeiro que vendeu a alma para o diabo? Como saberemos se o carro que dirigimos não foi desenhado por alguém que vendeu a alma para o diabo? Como saberemos se o dono da empresa em que trabalhamos não vendeu a alma para o diabo? A resposta é que não temos como saber. Estas especulações servem apenas para criar cristãos paranóicos, sem paz e mais preocupados com o diabo do que servos de Deus. Maior é aquele que está em nós do que o que está no mundo. Deus é maior do que o diabo. 

6) Acredita que esse misticismo seja um estorvo para uma influência mais profunda do cristianismo no meio da sociedade?
Com certeza. Pessoas que condenam uma música tão somente por seu ritmo ser de origem afro e estar próximo das religiões afros querem submeter Deus à sua própria cultura ou gosto. O som dos terreiros de umbanda é o mesmo som usado por muitos cristãos africanos para adorar a Deus.

7) Alguns integrantes de bandas de metal dos anos oitenta, que ostentavam uma aparente relação com o ocultismo, têm aparecido em público para confessar sua fé cristã. A maioria não abandonou suas bandas e continuam na estrada com elas. Acha que toda essa história de “ligação com as trevas” é só jogo de cena?
A maioria das bandas de metal que usavam letras falando sobre o diabo o faziam apenas como marketing. Poucas acreditavam na existência do diabo ou estavam rfealmente interessadas em adorá-lo. Com o tempo, esse marketing das trevas foi perdendo força e muitas dessas bandas mudaram o foco de suas letras.

8) Acha que é possível conciliar uma nova vida com Cristo e se manter por traz daquela pose de “mal”, cantando e tocando letras horripilantes e às vezes até anticristo?
Isto é algo que cada pessoa precisa responder individualmente a Deus. Acredito também que é possível fazer o rock teatral de Alice Cooper sem comprometer a fé, deixando claro que aquilo é apenas um teatro, como ele faz. Entender Alice Cooper é semelhante a entender As Cartas do Inferno (Screwtape Letters) de C. S. Lewis. É preciso olhar além da superfície, pois por trás de todo o seu circo do horror há mensagens bem feitas sobre a natureza humana, o materialismo e consumismo da sociedade moderna, a hipocrisia religiosa, etc.

Comentários

  1. uau!!!maravilha!parabéns pastor Rafa!

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  2. É tão comum falar q esse ou aquele fizeram pacto com o diabo, existem diversos videos na internet dizendo q fulano(a) esta endemoniado, com espirito de pomba-gira, etc, alguns pode até ser verdade, mas a verdade é q não há "contrato" feito com o capeta q não possa ser desfeito pelo sangue de Jesus, por isso MUUITO mais importante q divulgar q fulano ou ciclano "são do capetinha", seria orar, interceder por essas pessoas, e se vc tiver oportunidade apresente Jesus à elas e ponto. Só o Diabo e seus anjos não tem mais jeito, ate o "pior dos anti-cristos" tem jeito... (rsrs)

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  3. Não preciso dizer nada,faço das palavras citadas aqui as minhas.

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  4. Acesse meu blog:
    www.justaindignacao.blogspot.com

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  5. Como é que eu faço para falar com esse rapaz

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