Natália Cerize
Pesquisadora paraisense cria plataforma
tecnológica e ganha destaque na comunidade científica.
Natália Neto Pereira Cerize é uma
farmacêutica paraisense que vem se destacando na área de pesquisas científicas.
No início de 2010, enquanto fazia seu doutorado pela Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, sua equipe e ela patentearam uma
inédita plataforma tecnológica batizada de “nanocarreadores poliméricos
coloidais”. As nomenclaturas são um tanto complexas, mas as aplicações de sua
descoberta podem significar grandes avanços à indústria farmacêutica,
alimentícia, cosmética, agroquímica, além de inúmeras outras áreas.
Para se ter uma ideia da importância e
abrangência do tal nanocarreador, ele é capaz de transportar medicamentos
hidrofílicos (solúveis em água) até o local do organismo no qual devem agir,
executando uma liberação controlada do fármaco, evitando, por exemplo, riscos
como uma superdosagem, ou que determinados ativos sejam mantidos no organismo
por mais tempo que o necessário, diminuindo chances de efeitos colaterais.
Sua pesquisa foi desenvolvida desde o início no Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em parceria com a USP e apoio da Agência
FAPESP. A equipe, que teve como orientador o Dr. Antonio Claudio
Tedesco, renomado químico que desenvolve pesquisa na área de Terapia
Fotodinâmica, Foto biologia e Engenharia Tecidual, contou também com a
coorientação da pesquisadora Dra. Maria Inês Ré, da L'Ecole de Mines
de Albi, França e com o Dr. Adriano Marim, do Laboratório de
Processos Químicos e Tecnologia de Partículas - LPP.
A descoberta, patenteada junto ao Instituto
Nacional da Propriedade Industrial - INPI com o título “Nanocarreadores
coloidais para ativos hidrofílicos e processo de produção”, está em fase de
negociação entre o IPT e uma empresa visando seu licenciamento para produção em
escala industrial.
A concessão da patente, segundo a doutora, é
uma espécie de coroação de todo um longo e trabalhoso processo de estudos e
pesquisas, o que justifica os esforços da equipe em cumprir com a missão da
instituição onde trabalham que é a de disponibilizar no mercado soluções
tecnológicas.
Segundo a Dra. Natália, o Brasil hoje conta
com bons investimentos estatais para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, no
entanto, ainda falta um maior envolvimento da iniciativa privada para que
ciência e tecnologia alcancem maior êxito por aqui.
Apesar disso, ela se diz feliz e orgulhosa
por ser uma pesquisadora brasileira e não tem a menor intenção de viver em
algum outro país onde a área da pesquisa é tradicionalmente mais valorizada. “Eu
amo meu trabalho e também cada um dos desafios que ele representa
pra minha vida”, ela disse. “Acredito que é importante participar de congressos
e eventos no exterior, conhecer novas culturas e adquirir novos conhecimentos,
mas minha intenção neste momento é continuar no Brasil".
Uma prova do sucesso internacional que a
descoberta da Dra. Natália e equipe alcançou, foi a participação da Doutora, em
março deste ano, na “International Conference and Exhibition on Nanotechnology
and Nanomedicine - Omics Group” (Conferência e Exposição Internacional de
Nanotecnologia e Nanomedicina) em Omaha, Estados Unidos. Lá ela demonstrou as
possíveis aplicações dos nanocarreadores, difundindo a tecnologia brasileira no
exterior.
Tendo cumprido seus estudos fundamental e
médio entre os colégios Paula Frassinetti e Objetivo, Natália saiu de
Paraíso no ano de 2002 para estudar Ciências Farmacêuticas na USP, em
Ribeirão Preto. Após três estágios de iniciação científica, já havia definido
sua vocação na área de pesquisa. Vocação que, segundo ela própria, é herança do
pai, o Sr. Gilson, que é do ramo do acabamento de couro aqui na cidade.
Apesar de estar mergulhada em estudos e
experimentos e viver rodeada por cerca de 1.500 engenheiros químicos,
cientistas e diversos outros especialistas na área de pesquisas tecnológicas, Natália
leva a vida normal de qualquer trabalhador brasileiro. Passando em média oito
horas por dia dentro de um dos laboratórios do IPT, ela ainda precisa arrumar
tempo para cumprir com as tarefas de esposa, dona de casa e mãe.
Quando perguntada sobre como conciliar toda
essa agitação, vivendo na conturbada capital paulista e solucionando
adversidades da vida normal e do mundo científico, ela responde com uma simples
palavra: “Praticidade!”
A mãe da Dra. Natália, dona Maria de Lourdes
se diz muito satisfeita com o sucesso da
filha e agradece a Deus por todas suas conquistas. Para ela, as possibilidades
de melhorias no tratamento do câncer representam uma esperança a mais para
tantos que sofrem com a doença. Ela disse à Revista: “fico muito emocionada em
ver a Natália participando de uma descoberta que poderá ajudar pessoas que
vivem sob uma doença tão grave”.
O orgulho da família é o mesmo dos amigos,
colegas, professores e também de cada cidadão paraisense que se sente honrado com
o sucesso da pesquisadora conterrânea.
Por Rafael Cardoso
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