Pastor presbiteriano e professor de história, Reverendo João Batista é figura querida na cidade!
Ele nasceu ao nosso lado, na vizinha cidade
de Passos, no ano de 1938 e ao completar 74 anos de vida, João Batista Pereira,
o “Reverendo”, é colecionador de uma história que merece muito da nossa atenção
e carinho.
Os 43 anos devotados ao ofício sacerdotal na
tradicional Igreja Presbiteriana e ainda as mais de três décadas de dedicação
ao ensino público o transformaram em alguém respeitadíssimo por pessoas de
variados segmentos de nossa sociedade.
Aclamado professor de história, ele é um
educador nato que ajudou na formação de várias gerações de cidadãos aqui e na
região, contribuindo de forma decisiva na escolha da carreira de diversos
alunos que acabaram escolhendo o magistério por sua causa e inspiração.
Sem dúvida, todo o conhecimento aliado à brandura
de uma voz calma e ao mesmo tempo grave - forjada em longas décadas de
discursos nos púlpitos e salas de aula – faz do Reverendo uma figura
emblemática no ensino e nos assuntos inerentes a alma humana.
Sua carreira no magistério teve início em 1970,
na cidade de Cássia, numa escola dirigida por padres da Ordem Francesa de São
Gabriel, um ano após ter iniciado sua jornada pelos caminhos do sacerdócio. No
entanto, ainda que ambas as funções já lhe fossem por demais trabalhosas,
encontrou tempo e disposição para ser assessor do ex-prefeito daquela cidade,
Afrânio Spósito.
Todavia, a história de nosso Ícone Paraisense
vem de muito antes disso. Na primeira fase de sua juventude trabalhou nas
Pernambucanas e também nas Casas Buri, de Passos, ambas no ramo dos tecidos e
foi aos 27 que ingressou no Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas (onde
hoje funciona também a Universidade Mackenzie).
Era o ano de 1965, início conturbado da
ditadura militar; momento tenso, sobretudo, para os estudantes brasileiros e
foi ali que as inclinações políticas do Reverendo começaram a circular de forma
mais veemente em suas veias. Num clima de “caça às bruxas”, cinco professores
do Seminário foram afastados por ordem do Governo Brasileiro e diante disto, 39
alunos assinaram e encaminharam documento cujo teor questionava tal atitude.
Reverendo era um deles!
Temendo represálias, alguns alunos se
afastaram da instituição e diante dessa ocasião ele teve a ideia de escrever
uma carta para a Faculdade Evangélica de Teologia, de Buenos Aires, solicitando
uma bolsa de estudos para si e mais três colegas. Em 1967, os quatro foram
atendidos e rumaram à Capital Argentina para concluir seus estudos e nos dois
anos seguintes tiveram experiências extraordinárias, sendo ensinados por grandes
mestres de várias nações e linhas de pensamento diferentes. “Havia entre nós
americanos, marroquinos, mexicanos, peruanos, bolivianos, enfim, pessoas de
várias partes do mundo, numa cidade altamente cosmopolita”, ele relembra. “Foi
uma experiência muito enriquecedora para minha vida”, completou o Reverendo.
Sua chegada em Paraíso aconteceu em 1983 e já
no ano seguinte, começou a dar aulas de história na Escola Industrial Clóvis
Salgado e dois anos depois, na Escola Estadual Paula Frassinetti, no bairro São
Judas, mesmo ano que inicia sua participação no tradicional Ginásio Paraisense.
Nesse mesmo período, Reverendo começa a se
destacar também como uma poderosa voz em favor dos direitos dos professores
que, na época, sofriam com a defasagem de seus salários, causadas pela violenta
inflação que assolava o país. Numa posição de influência política, ajudou a
comandar greves e manifestações com seus colegas de magistério. Uma delas foi a
memorável visita do então governador de Minas Gerais, Newton Cardoso, no fim
dos anos 80, em que o político discursou para um público de professores
vestidos de preto, os quais lhe deram as costas, no momento em que discursava.
Em Paraíso foram quase 30 anos de magistério,
dentre os quais, oito foram ocupando o cargo de vice-diretor da Escola Benedito
Ferreira Calafiori. Dos quatro filhos que teve com dona Shirlei, sua fiel
escudeira ha 40 anos, três moram aqui na cidade, onde decidiram fincar suas
raízes.
Hoje, como cidadão honorário paraisense -
título que recebeu em 2010 pela Câmara de Vereadores de nossa Cidade -
Reverendo está longe de se sentir aposentado e continua a espalhar sua mensagem
e simpatia para cada pessoa de nossa cidade. Ele pode ser visto levando ânimo e
alento a presidiários, famílias carentes, viciados em drogas e alcoólatras em
tratamento, procurando compartilhar uma esperança que contemple o ser humano integralmente,
em cada uma de suas necessidades.
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