Tibagi
Um dos
grandes ícones da música sertaneja do Brasil completa 85 anos e permanece firme
no rádio.
Já é tradição antiga na vida do paraisense
despertar ao som da mais pura canção regionalista. Ao sintonizar sua rádio
favorita – sobretudo aqueles que se levantam ainda antes do galo cantar –
cidadãos de Paraíso e região se alimentam com mais uma dose do ‘sertanejo nosso
de cada dia’.
A música sertaneja, ou caipira, é um estilo
brasileiro tipicamente ligado à vida rural, sendo genericamente conhecida por
alguns apelidos que variam conforme a região. Com a predominância do peculiar som
da viola, as modas, toadas, os cateretês, as chulas, emboladas e os
batuques tocam fundo no coração daqueles que vivem no interior do Brasil.
Com uma narrativa que prioriza sempre o
folclore do interior, além do romantismo e a vida simples dos trabalhadores
rurais, a música sertaneja está profundamente enraizada à vida dos habitantes
de nossa região.
Grandes duplas como Gino e Geno, Belmonte e
Amaraí, Liu e Léo, Milionário e José Rico, Alvarenga e Ranchinho, Tonico e
Tinoco, entre outras incontáveis, cantavam sobre a realidade do povo que vivia
longe das grandes cidades, desbravando o interior da nação.
Em meio a estes e tantos outros nomes de
destaque na música sertaneja, figura um ilustre cidadão de nossa cidade. Com
sua carreira iniciada na metade do século passado, Oscar Rosa, o Tibagi, fez
dupla com diversos cantores, interpretando temas que formam as colunas mais
básicas da música sertaneja de raiz.
No distante ano de 1954, aos 27, ele se uniu a
Zé Mariano para gravar seu primeiro disco, dando início a uma extensa carreira
que revelou grandes pérolas do sertanejo.
“Passarinho do peito amarelo”, "Pombinha
Branca", "Noite Fria", "O Apito do Trem",
"Lembranças de Amor", "Voltei Coxim", "Pé de
Cedro" e "Céu de Mato Grosso" foram apenas alguns dos sucessos
emplacados por Tibagi, que fez dupla também com os cantores Mauro Ozelin, conhecido
por ‘Niltinho’ (irmão de Valter Ozelin, o Dadá, persona grata da população
paraisense e que, infelizmente, morreu de maneira precoce no início dos anos 80).
Além desses, Tibagi formou duplas históricas com Amaraí, da célebre dupla com Belmonte
e também com o cantor e compositor Miltinho Rodrigues, com quem alcançou grande
notoriedade.
De fato, Tibagi e Miltinho estão relacionados
entre as principais duplas ligadas à renovação e à modernização da música
sertaneja, sendo pioneiros na introdução de guitarras e orquestras em seus
arranjos e na fusão dos estilos sertanejos do Brasil e do México. Esse caráter
vanguardista de sua música exerceu forte influência na carreira de outras
duplas importantes, como Belmonte e Amaraí, Léo Canhoto e Robertinho, além de Chitãozinho
e Xororó.
Com frases marcantes como “Olha a hora!” e “Graças
a Ele, a vida continua”, Tibagi estabeleceu-se também no rádio. Afastado dos
palcos e do grande público que o venerava décadas atrás, ele hoje se dedica
exclusivamente à radiocomunicação.
Colega de Tibagi nessa profissão por mais de
30 anos, Silvano Zague, conhecido radialista paraisense, conta que seu primeiro
contato com o célebre cantor aconteceu do outro lado do rádio, quando ainda era
criança. Ouvinte assíduo do programa “Linha Sertaneja Classe A”, apresentado por
Zé Russo, na rádio Record, ele lembra que nas férias ia pra fazenda do avô,
onde havia um radinho de pilha. “Juntos, acompanhávamos a programação da Record
e ouvíamos o Tibagi ao vivo, ao lado do Miltinho Rodrigues”, disse o locutor,
que na época mal poderia imaginar que, anos depois, se tornaria amigo e colega
de trabalho daquele monstro sagrado da música sertaneja.
Admirador da música e da história de Tibagi,
ele conta que se tornou um atento ouvinte das inúmeras histórias sobre grandes
amores, viagens Brasil afora e o estrondoso sucesso. “Ele nunca deu muita
importância ao dinheiro”, ressalta o locutor, que destacou o estilo de vida
esbanjador de um homem que viveu intensamente seu sucesso. “Na época do Tibagi,
não existiam parques de exposições e os shows eram realizados nos circos. Ele próprio
contava que saía dessas apresentações carregando sacos de dinheiro nas costas”,
recorda Silvano Zague, citando os suntuosos cachês que a dupla ganhava com sua
música.
Desse tempo glorioso, resta ainda um sem
número de histórias, uma discografia vasta e um Chevrolet Opala 1972 de cor
verde, o qual, segundo o ex-cantor, apresenta alguns probleminhas, mas segue
andando. Tal como o próprio Tibagi, que no auge de seus 85 anos - completados
no último dia 30 de junho – mesmo longe dos palcos, segue seu caminho,
colaborando com a tradição da música sertaneja, cultivando suas raízes em seu
programa matinal diário que revive e divulga grandes duplas, cantores e
cantoras da música do coração do Brasil.
Por Rafael Cardoso
Em fim te encontrei tibaji!!! que tempos bons aqueles que se ouvia musica de verdade. Hoje só se ouve...bem isso que se ouve por aí.Tem algumas até que dá pra engolir mas...eu prefiro continuar com a verdadeira musica sertaneja em cd dvd k7 internet enfim . morei a maior parte da minha vida em São Paulo,porem nunca neguei minha preferencia caipira;Ela está no sangue.
ResponderExcluirvivo hoje em Franca SP ,onde deveria se ouvir coisa melhor , mas na verdade em nenhum lugar se lembra mais da nossa RAIZ. um beijo no seu coração. Seu fan
Elcio.
Elcio! Estive com Tibagi há poucas semanas. Já está com idade avançada, mas trabalhava todas as madrugadas comandando um programa de rádio da cidade de São Sebastião do Paraíso. Faz uns quinze dias que mudou para São Paulo, capital.
ResponderExcluirEstive tambem com Tibagi ha uns 5 anos na casa dele, alem de grande amigo e perceiro do meu Pai Mauro Ozelim (Niltinho) tambem é uma grande pessoa,muita saúde fique com deus amigo.
ResponderExcluirUma pena que ele deixou de fazer o programa na radio,programa esse que comesarão juntos meu pai e ele saldades......
ResponderExcluirInfelizmente hoje ele se foi, uma grande voz.
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