“Eu estava errado”, diz jornalista que ficou um ano sem Internet


Em suas conclusões sobre período afastado, Paul Miller diz que tinha visão errada sobre web e rebate teorias de que Internet deixa pessoas estúpidas e solitárias.

Fonte: IDG Now

“Eu estava errado”. É assim que o jornalista de tecnologia Paul Miller começa seu texto para falar sobre a experiência de ficar um ano sem acesso à Internet. Miller havia anunciado sua saída da web em 30 de abril do ano passado.

“Há um ano eu saí da Internet. Achava que estava me tornando improdutivo. Achava que faltava sentido nela [Internet]. Pensava que estava ‘corrompendo minha alma’”, afirma o jornalista de 27 anos do site especializado The Verge.

Miller diz que quando aceitou a proposta do site para se afastar da Internet estava esgotado e queria um tempo da vida moderna. “Me senti livre no início”, conta sobre ter desconectado o cabo de Ethernet às 23h59 de 30/4 de 2012 – ele também trocou seu smartphone por um celular comum.

A ideia inicial de Miller, como um jornalista de tecnologia, era conseguir “descobrir o que a Internet havia feito comigo ao longo dos anos. Entendê-la ao estudá-la de longe”. Como afirma no texto, queria não apenas virar uma pessoa melhor, mas “ajudar todos a virarem pessoas melhores”.

Entre as descobertas positivas do seu ano longe da Internet, Miller cita as cartas de papel, já que não podia mais usar e-mail. “Consegui uma caixa postal neste ano e não consigo explicar como é ótimo ter sua caixa cheia de cartas de leitores. É algo tangível, e difícil de simular com um cartão eletrônico (e-card)”, afirma.

No entanto, ele nota que o processo de aprendizado não foi tão grande como o esperado. “Na verdade, a maioria das coisas que eu estava aprendendo poderiam ser feitas com ou sem uma conexão com a Internet – você não precisa ficar um ano sem Internet para perceber que sua irmã tem sentimentos.”

Além disso, Miller diz ter “aprendido como fazer um novo estilo de escolhas erradas longe da Internet”. “Abandonei meus hábitos offline positivos, e descobri novos vícios offline. Em vez de pegar o tédio e a falta de estímulo e transformá-los em aprendizado e criatividade, me voltei para o consumo passivo e ao recuo social”, afirma, notando que não anda muito de bicicleta e que na maior parte da semana não sai com outras pessoas. “Meu lugar favorito é o sofá”.

Em suas conclusões, o jornalista diz que: “Meu plano era sair da Internet e assim encontrar o ‘verdadeiro’ Paul e entrar em contato com o mundo ‘real’. Mas o mundo real e o Paul verdadeiro já estão inexoravelmente ligados à Internet. Não é dizer que minha vida não era diferente sem Internet, apenas que não era a vida real.”

No final, ele refuta as teorias de que a Internet nos deixa solitários ou estúpidos, ou as duas coisas. “Li tanto essas coisas que comecei a acreditar nelas (teorias). Queria descobrir o que a Internet estava ‘fazendo comigo’. Para que pudesse lutar de volta. Mas a Internet não é uma busca individual, é algo que fazemos uns com os outros. A Internet é onde as pessoas estão.”

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