Revelação do teatro paraisense conquista seu espaço e consolida carreira nacional.
João Roncatto é mais um filho desta terra que tem alçado vôos elevados em busca de seus sonhos. Sua história no mundo das artes cênicas teve início aqui mesmo em Paraíso, onde passou toda infância e adolescência.
Foi nessa mesma fase, aos dezessete, que ele passou a se dedicar ao teatro, dando seus primeiros passos na carreira através da “Oficina de Artes Cênicas Sebastião Furlan”, que na época estava sob a direção de Dona Edna e de Katia Mumic. Tudo começou com um despretensioso convite da amiga Anna Candida Machado, que também é atriz e hoje mora no Rio de Janeiro. “Foi ela quem me convidou pra participar de uma peça que estavam ensaiando: "Seis Personagens a Procura de um Autor", de Luigi Pirandello. Participei do ensaio e algumas dinâmicas e ganhei um papel”. De lá prá cá, ele não parou mais.
Na Oficina ficou por três anos recebendo os rudimentos da Quinta Arte, onde teve a oportunidade de participar e produzir diversas encenações.
Na tentativa de recordar como tudo começou, João diz que não sabe definir se escolheu ou se foi escolhido pela profissão. “Até pensei em fazer outras coisas da vida, algo ligado a publicidade, ao desenho industrial ou até mesmo engenharia, mas de repente eu estava no teatro, me apaixonei e fiquei”, confidenciou. “Fui mordido por um bichinho, entende?!”. E ainda conclui, dizendo que a primeira vez que subiu no palco se identificou logo de cara. Ou seja, tudo muito visceral!
Contudo, apesar de Paraíso ser seu chão, sua casa, família e o lugar de sua aurora, “a infância querida que os anos não trazem mais...”, diz parafraseando Casimiro de Abreu, em 2000 ele sentiu a necessidade de viver sob sua própria responsabilidade e de continuar os estudos, aprofundando-se nas artes cênicas.
Saiu da cidade e seguiu rumo a Olímpia, onde viu que somente nos grandes centros encontraria meios de crescer na carreira. Em São Paulo, foi em busca de uma escola que pudesse proporcionar o know-how necessário e acabou encontrando o Teatro Escola Macunaíma, que contava com excelentes mestres e uma ótima estrutura. Foi ali que João Roncatto formou-se um ator profissional e pode seguir trabalhando.
Perguntado sobre a realidade de um ator no Brasil, ele abre o jogo e declara que é uma profissão complicada, mas que hoje as coisas são bem melhores do que há 10, 20 ou 30 anos atrás. Segundo sua interpretação, o problema reside na falta de valorização da arte, da cultura e do conhecimento em geral.
“Vemos nosso Brasil investindo em estádios de futebol ao invés de construir hospitais e escolas. Vemos uma comissão de direitos humanos presidida por racistas preconceituosos. O que podemos esperar da realidade do ator no Brasil?”, diz em tom de desabafo, mas define que a saída está no esforço e na dedicação de cada um. “Quando há falta de incentivo e descaso, se destaca aquele que corre atrás, que não tem medo do trabalho, que busca aperfeiçoamento, que se recicla! É assim em qualquer profissão”, diz. “Acredito que quem se empenha, consegue o que deseja”, conclui.
Pai da pequena Sophia, João se derrete em amores pela menina e diz que ela é a razão da sua vida. “Tudo que faço é pensando nela. Ela é parte de mim! Linda, carinhosa, amorosa, ai ai...”, suspira!
Além disso, revela que sua filha, hoje com 7 anos, é responsável por muitas de suas descobertas na forma de atuar e representar alguns de seus personagens. “Ela é a minha maior fonte de pesquisa para um trabalho social que realizo junto a uma multinacional, no qual represento um palhaço e levo um pouco de alegria a crianças carentes em tratamento contra o câncer”.
Isso mesmo, João Roncatto faz um belíssimo trabalho, realizando shows pelo Brasil inteiro, visitando escolas, creches, hospitais, clínicas, casas de apoio e até restaurantes e shoppings centers, proporcionando momentos de alegria para aqueles que realmente precisam. “É aí que eu posso dizer que realmente faço a diferença!”, se orgulha.
Vivendo em São Paulo desde 2000, João retorna a Paraíso sempre que pode, a fim de rever amigos e a família e não poupa elogios à cidade. “Paraíso representa minhas raízes, me lembra de onde eu venho. Grande parte do meu caráter foi formado nessa cidade”, diz. “Amo essa terra incondicionalmente. A paisagem que é linda, o verde, as montanhas, o clima...”.
Sobretudo, São Sebastião do Paraíso está de tal forma enraizada em sua vida que ele cita a fundamental influência da vida do interior, onde cresceu brincando muito e pode desenvolver grande parte de sua criatividade, mencionando a história do garoto pobre e traquina Zezé, de "Meu pé de Laranja Lima", com quem se identifica muito, definindo-se como alguém que teve uma infância muito sapeca.
Rafael Cardoso
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