Santa Casa de Misericórdia de Paraíso - 96 anos de cuidados e superações


No mês de setembro a Santa Casa completou 96 anos de vida. Em sua história, já foi dirigida pelas irmãs da Congregação da Imaculada Conceição e também por médicos e pessoas da sociedade.

Recentemente, mais precisamente a partir de 2011, iniciou um processo árduo que produziu profundas transformações em sua administração. Decidiu abrir suas contas perante a sociedade, revelando severas dificuldades financeiras e diante do quadro, viu-se na iminência de decidir entre encolher sua estrutura, diminuindo alguns serviços ou expandir-se, aceitando o desafio de tornar-se um hospital de referência regional.

Decidindo pela segunda alternativa, o Hospital Paraisense praticamente quadruplicou sua estrutura em bem pouco tempo. De 40 leitos passou a 155. No mês passado foram inaugurados cinco leitos de ‘terapia semi-intensiva’ e outras 10 UTI´s estão em fase de construção. 

Deixando de ser um hospital de médio porte para se tornar um de grande porte, em sua estrutura possui 15 salas cirúrgicas; 3 UTI´s com vinte leitos (adulto, neonatal e pediátrica); 25 especialidades médicas e quase 500 funcionários.

Em números, 150 procedimentos de cateterismos e angioplastias no HRCor, número superior ao de diversos hospitais de grandes centros. Nos últimos cinco anos, período em que o serviço de hemodinâmica vem sendo prestado plenamente, foram realizados dois mil procedimentos com sucesso, metade desses, pelo SUS – Sistema Única de Saúde.

Tudo isso foi possível após abraçar o sonho de se criar um hospital do coração em São Sebastião do Paraíso. Sonhe esse que nasceu uma década atrás, quando se observou a necessidade, na região sul e sudoeste, de uma estrutura que oferecesse serviços completos de cirurgia cardíaca e hemodinâmica.

Projetado para se tornar uma unidade de referência para toda a região, o HRCor – Hospital Regional do Coração é uma ala cardiológica da Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso e está habilitado para prestar assistência de alta complexidade cardiovascular, reunindo os setores de cardiologia intervencionista (hemodinâmica), cirurgia cardiovascular, vascular, endovascular e eletrofisiológia.

A compra de equipamentos modernos, as novas tecnologias adotadas e a formação de equipes multidisciplinares também deram novos tons à estrutura do HRCor e quem visita o Hospital fica logo impressionado. 

Apesar de a crise ainda ser uma realidade, o empenho político de representantes da cidade e da região e também a força de empresários e cidadãos comuns que abraçaram o HRCor como uma causa vital para a cidade e região são fatores determinantes nesse processo de reação. 

Vindo de encontro a uma tendência preconizada pelo SUS, o HRCor de Paraíso se torna uma peça fundamental no processo de regionalização da Saúde e hoje a unidade paraisense é peça fundamental na rede de atendimento de Minas para doenças cardíacas e procedimentos hemodinâmicos. 

Em virtude disto, é comum observar na entrada de emergência do HRCor vans e ambulâncias de diversas cidades da região, o que demonstra que o Hospital já vem cumprindo com sua função a todo vapor. 

Na ocasião da visita da Expressão Livre ao Hospital, a equipe de reportagem conversou com Vander Arantes de Souza, de Ituiutaba, na região do Triângulo Mineiro. Funcionário Público, Vander saiu de sua cidade para realizar um procedimento de angioplastia no HRCor de Paraíso. “Após sentir fortes dores no peito, procurei o hospital de minha cidade, onde fui medicado e logo depois a van da prefeitura me trouxe junto com outras pessoas de lá para a Santa Casa de Paraíso”, ele narra. Sobre o atendimento, ele fez questão de elogiar toda a equipe do HRCor, agradecendo a Deus pelo sucesso de todo o procedimento, parabenizando a cidade de Paraíso pela belíssima estrutura hospitalar. Vander de Souza estava com DAC - Doença Arterial Coronariana e foi necessária a colocação de dois ‘stents’ para reduzir o bloqueio e o estreitamento das artérias coronárias. 100% desse procedimento foi realizado pelo SUS, ou seja, ele não precisou pagar nada ao Hospital por isso, sua vida foi salva aqui em Paraíso, pelo simples fato desta cidade possuir um hospital de referência para esse tipo de procedimento.


Cardiologia e Hemodinâmica
Enfermeira no setor de cardiologia e hemodinâmica do HRCor de Paraíso, Naiara do Prado Andrade Gonçalves explica que numa mesma unidade são realizados diagnósticos por imagem em alta resolução e baixa dose de radiação e os procedimentos terapêuticos, como a colocação de stents. “Tudo é realizado numa única sala, com rapidez e plena segurança para a vida do paciente”, ela diz. 


No setor, equipado com o moderno equipamento Philips Allura Flat Pannel, “o paciente que chega infartado, realiza o exame de cateterismo cardíaco, no qual se visualiza a artéria com problemas e já é tratado com endopróteses”, esclarece a enfermeira, que ainda conclui, dizendo que “o procedimento é realizado por um médico hemodinamicista com apoio de sua equipe, no qual um infarto é revertido instantaneamente”.


Protocolo de Manchester
Hospital integrante da Rede de Urgência e Emergência de Minas Gerais, a Santa Casa atua com o Protocolo Manchester, um sistema que visa melhorar a classificação de risco e a triagem de pacientes. A partir da avaliação dos sintomas, a equipe do Hospital especifica o grau de gravidade do caso recomendando o tempo de espera para atendimento. Aos doentes com patologias mais graves é atribuída a cor vermelha, atendimento imediato; os casos muito urgentes recebem a cor laranja, com um tempo de espera recomendado de dez minutos; os casos urgentes, com a cor amarela, têm um tempo de espera recomendado de 60 minutos. Os doentes que recebem a cor verde e azul são casos de menor gravidade (pouco ou não urgentes) que, como tal, devem ser atendidos no espaço de duas e quatro horas. 


Projeto Doutores da Alegria
Os Doutores da Alegria são um grupo formado estritamente por voluntários engajados na missão de levar momentos de alegria no meio da adversidade de pacientes da Santa Casa. Liderados por Marcio Westin, psicólogo hospitalar do Hospital paraisense, o grupo é formado por palhaços profissionais, músicos e também por funcionários que se reúnem todas as sextas feiras, no início da tarde, para visitar crianças e demais pacientes que estejam receptivos á iniciativa. “Passamos pelos corredores e quando percebemos que alguém está suscetível, chegamos ao quarto e ao leito e fazemos um trabalho mais direcionado”, revela Westin. Adepto de uma linha de trabalho que vise sempre a humanização do atendimento, o psicólogo enfatiza que “a alegria estimula o organismo na produção de defesas, auxiliando muito no processo de cura dos enfermos”.

Rafael Cardoso

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