Canto Alegretense - Rafael Reparador





Todo gaúcho que se preza sabe cantar pelo menos trechos do célebre Canto Alegretense - mas nem todo rio-grandense sabe com exatidão a que se referem algumas das expressões incluídas na letra ou qual a origem de alguns dos seus versos já clássicos.

Principalmente para a população urbana, muitas vezes escapa o significado de passagens como "flor de tuna, camoatim de mel campeiro" ou o que são as "quebradas do Inhanduí". Com auxílio de especialistas em fauna e flora do Estado e da família Fagundes, ZH montou um apanhado do que querem dizer algumas das palavras e expressões que ajudaram a transformar o Canto Alegretense em uma espécie de hino sentimental do Rio Grande.

Além disso, Nico e outros integrantes do grupo familiar ajudaram a contextualizar algumas das frases que acompanham uma das melodias mais entoadas por gaúchos e gaúchas de todas as querências. Confira, abaixo, alguns detalhes por trás da composição de Nico Fagundes.

Canto Alegretense

"Não me perguntes onde fica o Alegrete
Segue o rumo do seu próprio coração"
(resposta dada por Nico a um advogado que lhe perguntou onde ele havia nascido)
Cruzarás pela estrada algum "ginete"
(bom cavaleiro, firme nas rédeas)
E ouvirás toque de gaita e violão
Pra quem chega de Rosário ao fim da tarde
Ou quem vem de Uruguaiana de manhã
Tem o sol como uma brasa que ainda arde
Mergulhado no "Rio Ibirapuitã"
(Rio que corta a cidade de Alegrete)
Ouve o canto gauchesco "e brasileiro"
(referência ao Brasil tem a função de situar o regionalismo gaúcho no contexto nacional)
Desta terra que eu amei desde guri
Flor de "tuna", "camoatim" de mel campeiro
(Tuna - cacto comum na fronteira do Brasil com Argentina)
(Camoatin é uma vespa que produz mel)
"Pedra moura das quebradas do Inhanduí"
(Pedra escura comum no Rio Inhanduí, que é nome de subdistrito de Alegrete, donde veio a Família Fagundes)
E na hora derradeira que eu mereça
Ver o sol alegretense entardecer
Como os potros vou virar minha cabeça
Para os "pagos" no momento de morrer
(Pagos - luga de origem)
E nos olhos vou levar o encantamento
Desta terra que eu amei com devoção
Cada verso que eu componho é um pagamento
De uma dívida de amor e gratidão

Fontes: Ernesto Fagundes, Nico Fagundes, Fundação Zoobotãnica do RS, prefeitura de Alegrete e dicionários Houaiss e Aurélio



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