Música não é poluição sonora


Alguns músicos de Paraíso vêm demonstrando indignação com aquilo que consideram incoerência e falta de bom senso no que tange ao estorvo que vêm sofrendo em sua rotina profissional. Através de lei conhecida popularmente como "Lei do Silêncio, que estabelece um volume máximo de 55 decibéis para emissões sonoras em estabelecimentos comerciais com música e também em eventos, a classe tem visto fechar portas e janelas para sua expressão artística e profissional.
Considerada exagerada e rigorosa, a aplicação da lei vem sendo questionada não somente pelos músicos, mas também por empresários do ramo de entretenimento e shows, bem como donos de bares, restaurantes e casas noturnas, que estão assistindo acuados e amedrontados uma de suas principais fontes de renda ficarem escassas por causa da exígua limitação.
Numa tentativa de manifestar sua contrariedade e ver a ação dos órgãos reguladores recuar, músicos, empresários, politicos e demais cidadãos paraisenses foram as ruas para demonstrar sua inquietação.
O ato não contou com grande número de adeptos, por se tratar de dia comum de trabalho e horário comercial, mas foi simbólico e ganhou repercussão regional em virtude da presença da imprensa local e também da EPTV.
Uma simples questão de coerência e observação faria como que as partes envolvidas entrassem em acordo, pois os 55 decibeis estabelecidos pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, não condizem com a realidade das cidades brasileiras. Na prática, poucos são os sons que não ultrapassam os 55 decibéis. Somente o trânsito, por exemplo, pode alcançar 80 decibéis.
Ou seja, é uma missão impossível cumprir o padrão definido pela ABNT.
Para solução dessa demanda, é necessário que haja consenso e conciliação entre as expectativas da população e as de quem trabalha com a sonoridade. Em Paraíso, observa-se, temos de um lado uma população com pouca tolerância e, de outro, os músicos, que precisam trabalhar, além dos carros de som que querem atuar, das festas, dos shows, dos bares e das casas noturnas.
Praticamente, a única saída estaria no Legislativo Municipal que precisa urgentemente rever a Lei da cidade e encontrar uma saída que vise atender a todos.
Está comprovado, no entanto, que os 55 dbs não são um valor real. Outra coisa importante, é que nem tudo deve ser tratado como "Poluição Sonora".
Pra nós músicos, ver o fruto de nossos anos de estudos e dedicação, ver nosso trabalho tratado como poluição sonora é algo muito triste e ofensivo. 
Música não é ruído! O que nós fazemos é cultura, algo que enriquece a cidade e o resultado dessa caça às bruxas em Paraíso é que profissionais da música estão sendo impedidos de trabalhar porque a voz e o violão ‘tiram a paz’ dos moradores que querem descansar.
Espero que haja uma saída que contente a todos, pois esta não é uma briga entre bons e maus e, se for para estar de algum lado, que seja daqueles que procuram uma alternativa para a cidade não morrer de sono (como vem acontecendo).
Ou seja, que ninguém aqui adoeça por barulho, nem por silêncio.

Rafael Reparador

Comentários