Hoje é Dia da Renovação Espiritual! Uma data que poderia ser tratada com certo preconceito, como sendo apenas mais uma tradição religiosa, mas não; esta é uma data muito especial em que se celebra a importância da espiritualidade, introspecção e reflexão, não importando o credo ou a confissão religiosa que cada pessoa tenha, sendo, portanto, uma data ligada ao individuo.
O espírito é compreendido como a porção incorpórea do ser, que contrasta com sua parte material e pode se referir a consciência ou personalidade da pessoa.
É tradição antiga da humanidade conectar-se ao espírito através dos sons, da música.
Os povos Tupis afirmavam que o homem é o som que ficou em pé. Tupã, o "Grande Som", criou o tupi pela sonoridade e essa sonoridade teria tomado a forma humana.
Para alguns povos nativos, ainda hoje o tambor ressoando e se propagando pelo ar anuncia rituais de transmutações e momentos de louvor, arrebatando as mentes para novas estâncias de aprendizado.
Os índios do Xingu tocam flautas sagradas, cujo som vibra nas profundezas do útero ígneo da Mãe-Terra e em nossas cidades brasileiras, de influência católica, os sinos das catedrais sacralizam a atmosfera.
Segundo algumas doutrinas espiritualistas “a intenção é a alma da vontade!” e cantar seria uma espécie de parto sonoro que permite a manifestação dos pensamentos e dos sentimentos, através da emissão de sons organizados, modulados e movidos pela vontade, direcionados por esta intenção.
Algumas linhas espiritualistas cristãs entendem que a “porta estreita”, referida por Jesus na Bíblia, é a garganta, ou seja, o portal estreito que conecta o intelecto ao coração, tendo o corpo como base e estrutura do templo.
Cânticos, orações, mantras, músicas e palavras sagradas são formas de dialogar com o espírito e unificar corpo e mente, atingindo a plenitude.
Portanto, em todas as tradições, os sons estão ligados à uma experiência mística transformadora, resultado da comunhão do homem racional e espiritual.
Sobre a música, é ponto pacífico que ela é capaz de nos ajudar a apreender as paisagens urbanas, como ferramentas de leitura do espaço, além de nos enlevar espiritualmente e nos tornar mais sensíveis na jornada humana.
Ainda assim, às vezes, o canto do pássaro, que é belo e agradável quando consideramos o contato com a natureza, pode ser irritante se quisermos dormir ou estudar. Por esta razão é necessário que busquemos uma compreensão maior e mais profunda do papel da música e dos sons em nossas vidas, pois, da mesma forma que essa experiência tem o poder de ser uma chave que abre portas e mostra caminhos para perceber o mundo, ou seja, uma experiência transcendental - capaz de provocar choro, riso e afetividade - a mesma, em desarmonia, pode ter efeitos ruins em nossas almas.
Neste Dia de Espiritualidade e de renovação, que a música seja o veículo transformador para o bem de cada um de nós.
Rafael Reparador
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