Conheça as duas leis instituídas pelo Japão e que ajudam a garantir a boa saúde no país e a frear o fenômeno da obesidade, fortemente presente em muitos países, inclusive no Brasil.
Lei Shuku Iku, para a educação das crianças
Shuku faz referência à comida, à dieta e ao ato de comer, enquanto Iku se refere à educação intelectual, moral e física.
O objetivo dessa regra é aumentar a informação dos estudantes sobre a cadeia alimentar, a procedência e a produção dos alimentos, além de exigir educação sobre nutrição desde os primeiros anos de escola até o nível secundário.
Vigente desde 2005, a Lei Shuku Iku determina processos como cardápios saudáveis nas escolas e contratação de nutricionistas profissionais que também tenham formação como professores para dar aulas específicas sobre alimentação.
Além disso, a lei prega a promoção de uma cultura social ao redor da comida. O que isso significa: as crianças são estimuladas a preparar e compartilhar alimentos nos colégios.
Na hora das refeições, as salas de aula são transformadas em uma espécie de restaurante. As crianças ajudam a por a mesa, servem umas às outras e comem todas juntas, com a ideia de transmitir a mensagem de que "comer é um ato social".
Além disso, segundo a especialista, não há quiosques ou máquinas de comida dentro das escolas, o que faz com que os alunos dificilmente consigam encontrar lanches que não sejam saudáveis, como batatas fritas ou bebidas açucaradas.
Lei Metabo, para controlar o peso em adultos
Outra legislação que a especialista destaca para explicar o êxito japonês é a Lei Metabo (de metabolismo), que estimula adultos entre 40 e 75 anos a fazerem uma medição anual da circunferência abdominal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, uma circunferência de mais de 94 cm para homens e mais de 80 cm para mulheres traz mais risco de complicações metabólicas, como doenças cardiovasculares.
Essas medições são feitas pela administração pública e também por empresas.
"Os empregadores têm um dia anual claramente identificado, quando todo o pessoal precisa medir a circunferência da barriga", afirma a especialista da OMS.
Se as medidas não forem saudáveis, as empresas estimulam os empregados a participarem de sessões de apoio e a fazerem mais exercícios.
O objetivo da lei é estimular os adultos a serem mais conscientes sobre a importância de um peso saudável e da prática de atividades físicas.
A lei prevê ainda o seguinte:
- As companhias estimulam que trabalhadores façam exercícios durante seus horários livres. Algumas inclusive têm ginásios ou quadras de badminton para que os empregados possam se exercitar facilmente na hora do almoço ou depois do trabalho;
- Os funcionários são estimulados a chegar ao trabalho caminhando ou de bicicleta, e o governo promove segurança nas ciclovias para estimular o exercício.
Comida tradicional e porções pequenas
Mas além das leis específicas, há peculiaridades culturais que ajudam aos japoneses a se manterem no peso.
Como em outras sociedades asiáticas como a Coreia do Sul, que também tem um índice de obesidade bem baixo (4,6%), no Japão se dá muita importância à comida tradicional.
"A ênfase está na comida recém-preparada e produzida localmente", destaca Katrin Engelhardt.
Os japoneses têm muito orgulho dos pequenos terrenos e das hortas urbanas onde produzem alimentos na forma natural.
"Em algumas culturas asiáticas, a comida sempre foi vista como algo quase medicinal", diz a especialista. Além disso, ela destaca um fator cultural que também impacta: eles historicamente preferem porções pequenas.
"Nos eventos familiares japoneses, na cozinha tradicional, são servidos muitos pratos em porções pequenas, cheias de vegetais e comida muito fresca", explica Engelhardt.
Enquanto isso, por exemplo, em algumas ilhas do Pacífico que têm índices de obesidade mais altos do mundo, como Tonga, Palau, Nauru, Niue e Ilhas Cook (mais de 40%), as porções são gigantescas, combinadas com índices de atividade física extremamente baixos.
Via Uol
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